segunda-feira, 16 de maio de 2011

Humanidade Activada

O cair da tarde já se avizinhava. Um fim de tarde frio em que a vontade de ficar por casa a saborear um Cabeça de Burro se apoderou de Júlia. Gostava de fins de tarde assim…sombrios, frios, em que as meias grossas e a roupa confortável eram o que mais queria. Sentia-se relaxada ao entrar naquele T1 em que o som da água do mar era a banda sonora. Um fim de tarde em que os pensamentos voam, a alma entrega-se e Júlia cresce.
Como era possível ter tomado nota de tantos pensamentos tidos em tantos anos? Olhando para a sua mesa redonda de madeira maciça, contava os cadernos A5 que lá se encontravam. Todos da mesma cor, espalhados pela mesa que se tornaria ao longo daqueles 3 anos a sua companheira.
Sabia que todas as palavras neles escritos traduziam as suas emoções. Eram pensamentos em muitos finais de tarde como aquele que vivia…Hoje resolveu não pegar na esferográfica. Sentada ao pé da vidraça folheia os cadernos, relendo os momentos que viveu. Um por um foram revividos. Júlia satisfazia a sua essência deliciando-se com a clareza com que transmitia as suas emoções. Como poderia ela ter tantas dissertações a cerca do ser humano? Que angústia carregava? Eram questões que levantava enquanto ía lendo o que tinha escrito. Página a seguir de página, caderno após caderno, Júlia tentava entender porque teria tanta necessidade de ponderar o desenvolvimento do seu ser? Sabia, porque o sentia, que todos os seres humanos viviam as suas experiências com o intuito de se aperfeiçoarem. Acreditava que ninguém era mau por natureza. Acreditava que tudo o que vivia era porque necessitava de aprender e de se aprofundar. Numa das leituras de um dos textos, Júlia questionou a essência da Humanidade. Escrito em 1987, num momento em que o CRER não existia com tanto afinco como nos dias em que vive, Júlia disserta acerca de um sensor energético instalado nas casas. Este pequeno dispositivo tinha a capacidade de emanar a quantidade e o tipo de energia específica para que todos os seres sentissem aquilo que hoje chama de energia Divina. Imaginou e experienciou novamente um mundo em que toda a Humanidade vivia em plena harmonia. Um mundo em que o responder à vida era o mote de cada essência. O que precisava? De activar o sensor em cada casa dado que eles já lá estão.

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